Fearless Girl e Charging Bull: Temos que falar sobre mulheres na liderança
Caminhando pelo distrito financeiro de Manhattan, NYC, é fácil saber quando você está perto de um dos maiores pontos turísticos do bairro: o Charging Bull, Touro de Wall Street. A imponência da estátua feita com 300 toneladas de cobre parece imperceptível por conta da quantidade de turistas que se espremem e fazem fila para tirar uma boa foto, se é que isso é possível. Arturo Di Modica, escultor da obra, o criou em 1987 para representar a força da Bolsa de Valores de Nova York e da população da cidade que superara os prejuízos do crash financeiro do ano.
Ao observar com mais atenção, podemos ver que atrás dos turistas que tiram fotos do touro, está outra estátua que com apenas 1,3m. Esta pode passar despercebida pelos desavisados, mas muitos já a conhecem: é a Fearless Girl, a Garota Destemida. A estátua pequena, mas imponente, parece dizer: “Pode vir touro, eu não tenho medo de você, eu sou forte e corajosa”. Instalada em 7 de março de 2017, dia Internacional da Mulher, a estátua já causou muita polêmica e discussão. Arturo Di Modica, por exemplo, afirma que a estátua não deveria estar lá, apesar do apelo popular, pois muda o significado de sua obra. Em sua visão, o touro, em frente a garota, deixa de ser um símbolo de força e prosperidade e passa para ser um vilão.
A verdade é que a Garota Destemida foi instalada para enviar uma mensagem sobre equidade de gêneros nas organizações. Ela vem para incentivar empresas a contratarem mulheres para seus cargos de alta liderança e conselhos. Uma placa abaixo da estátua diz: “Know the power of women in leadership. SHE makes a difference”, ou seja: Conheça o poder da mulher na liderança. ELA faz a diferença.
Logo após ser instalada, ela foi retirada pela justiça pois não tinha permissão para ser instalada na cidade. Após protestos da população que acredita na mensagem que a estátua passa, foi concedida a liberação para que a mesma ficasse instalada por um ano dividindo espaço com o Touro de Wall Street e depois disso, deveria ser instalada em outro lugar da cidade. Mais de um ano passou e ainda não decidiram para onde vão levar a menina destemida. Muitos nova-iorquinos acreditam que a instalação da menina junto ao touro é muito mais significativa do que as duas obras separadas e defendem que a intervenção artística permaneça no mesmo lugar, ou que as duas obras mudem juntas.
São muitas discussões, mas o que podemos perceber é a importância de falar sobre o papel da mulher nas organizações. Não podemos seguir o mantra de não vejo, não ouço e não falo sobre o assunto. Segundo pesquisa do IBGE (acesse aqui: https://goo.gl/U6V74P), apenas 39,1% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres no Brasil, acredito que este número precisa aumentar.
As mulheres estão tão, ou talvez mais, preparadas que os homens para assumir cargos de liderança nas empresas. Sua empresa trabalha a equidade de gênero? Você sabe a porcentagem de líderes mulheres da sua empresa? Fale sobre o assunto na empresa, fale com seus colegas, líderes e subordinados. Esta não é uma luta apenas de mulheres, é uma luta de toda a população. Vamos juntos?